terça-feira, 31 de outubro de 2017

à direita da avó rosa

sacado d'O Catequista

A avó Rosa sentava-se à direita do pai. Do pai dela, não do Pai, que esse lugar está ocupado há quase 2 mil anos. Contava-nos ela que o pai (insisto: não é o Pai) fez fortuna com o volfrâmio. Fazia negócios nas minas da Panasqueira, explicava. E eu ria. Ria-me da palavra que já tinha ouvido da boca do Cató. Sempre que falavam dos maoístas, stalinistas, leninistas e trotskistas (:)(:), o Cató grunhia e chamava-os panascas.

Eu sentava-me à direita da avó Rosa. Mas estava ideologicamente à esquerda dela. Bem à esquerda. Porque queria que o futuro andasse com pernas de andar. Agora que a avó Rosa não está cá, sento-me à direita do pai. Do meu pai, não do pai da avó Rosa nem do Pai. E estranhamente estou ideologicamente à direita dele (insisto: do meu Pai). Um quase-nada à direita, mas é surpreendente como o meu pai, que já não vai para novo, quer que o futuro chegue ainda mais rápido. Nem que seja aos tropeções.

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