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sacado da revista Sábado |
A avó Rosa nunca falou de política. Mas votava.
Fazia de cada eleição um dia de festa. Lembrava-nos, divertida, como, nos tempos da velha senhora, lhe chegava a casa o boletim de voto, já com a cruz no sítio certo. (Certo?!?!) Referia a coisa, mas nunca qualificou a coisa. Era o que era. Nunca se sabe. Podia ser pior. E ela passou por pior. Atravessou os anos em que as senhas de racionamento substituíam os boletim de voto.
Na altura não percebia. Tinha o meu futuro à porta e só imaginava como poderia ser melhor. Já o passado parecia uma merda. E era. Era uma merda. Mas aquele passado foi o futuro da avó Rosa: um boletim de voto já preenchido. No dia em que o pôde preencher, votou à direita. Achou que a esquerda queria chegar ao futuro depressa demais. E o futuro dela era curto.
Se fosse viva, a avó Rosa continuaria a votar à direita. Ainda com mais convicção, acredito. Não só porque teria um futuro ainda mais curto, mas também porque a direita está mais conservadora (:)(:). Graças a Deus, diria ela.
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